top of page
  • Foto do escritorMatheus Iury Correia

Casemir, o rei dos elfos

Veio ao mundo sendo o filho dos Primeiros. Antes de seus pais não havia elfos. Apenas os deuses e as suas criações primordiais.




Essa é uma das minhas primeiras histórias, escrita em 2014, quando eu era apenas um jovem sonhador. Há muitas diferenças entre meus textos atuais em comparação ao que estará a seguir, e por isso eu o compartilho aqui. Gostaria de mostrar um pouco da minha evolução ao longo dos anos.

Portanto, conheçam o rei dos elfos: Casemir


"Veio ao mundo sendo filho dos Primeiros. Antes de seus pais, não existiam elfos. Apenas os deuses e as suas criações primitivas.

Os leitos dos rios fluíam ousados pelos campos livres de hostilidades, com seres que outrora não eram extintos.

Nasceu a beira de um lago, durante a noite. Olhava a água, via o céu. Pensava na terra espelhando o paraíso. Cresceu cuidando de seus amados, junto de seu pai. Pai esse que ensinou tudo que Casemir queria passar a seu filho.

Ajudou a erguer cidades e portos. Explorou o mundo nunca desbravado. Conheceu tudo e todos. Amadureceu. Tornou-se pleno na consciência e em seu físico. E então veio a primeira divisão dos elfos.

Enquanto alguns rejeitavam as divindades, outros pediam para não se esquecerem deles. Seu pai liderou em defesa dos deuses, morrendo por eles, em uma tenebrosa batalha sem propósito, na época em que os pensamentos de seu povo ainda estavam nebulosos demais para perceberem que estavam fazendo escolhas erradas.

Entristeceu-se assim, Casemir.

Fez com que ele colocasse a prova todas as suas virtudes e aprendizados para não entrar no caminho da vingança e da autodestruição.

Isolou-se de todos. Carregou consigo apenas seu arco e as flechas de seu povo. E por vários anos viveu nômade. Deram-no o nome de elfo corrupto, o desertor, o renegado da causa.

Treinou tanto sua maestria com o arco, caçando para sobreviver e se defendendo dos seus inimigos, que chegou a um patamar acima de qualquer outro antes visto. Sua postura impecável, juntamente da respiração cadenciada. Seu olhar penetrante e fixo em seu objetivo. Sua mente se juntava ao arco, fazendo seus músculos fluírem pelas cordas e seu propósito viajava junto das flechas. Era capaz de abater qualquer um.

Até a solidão o atacar. Pois quando se estava abalado, tornava-se inconstante, deixando a plenitude da precisão. Sua vida foi posta em risco algumas vezes até que ele percebesse do erro que cometeu. Fazendo-o voltar para casa. E no caminho, encontrou Katerhíne. Uma elfa perdida e machucada, fugindo de mercenários.

Então Casemir percebeu novamente, o grande problema causado pelas brigas entre os elfos. No fundo do seu ego, ele não queria se envolver mais com esses problemas, mas presava muito mais pela vida de qualquer um de seu povo a seus desejos egoístas.

Carregou Katerhine desde o nascer do sol até sua casa, por todo o caminho da lua no mar negro estrelado, chegando a seus irmãos com o pedido de redenção e cura dos ferimentos de quem ele protegia.

Resolveu ficar.

Não queria mais ficar sozinho, pois quando lhe faltava alegria, ele procurava em seus companheiros a felicidade de um sorriso simples, por apenas estarem juntos. As manhãs cinzas eram muito frequentes durante o seu caminho solitário. E sua vontade de lutar crescia, queria mostrar ao mundo seu progresso com a arte da concentração. Mas, além disso, sabia que precisavam de seu auxílio. Nenhum outro elfo merecia deixar de seus sonhos para disputar a razão contra seus semelhantes.

Como os elfos são “eternos”, a noção de tempo passado até o fim da guerra interna deles é imprecisa. Mas Casemir esteve lá, participou das escolhas tomadas e fez a paz reinar entre eles e os Amantes das Estrelas. Ora, vieram os anões. Conheceu-os durante o princípio de seus progressos, gostando deles em um primeiro momento, e logo se arrependendo em seguida. Disputou forças com Wakar, talvez o maior rei anão, e encontrou uma guerra terrível.

E mesmo nos tempos nefastos, em que florestas eram queimadas e muitos elfos morriam pela defesa de seu povo, encontrou seu amor. Era Katerhine. Ela se tornou grande entre os elfos e assumiu o lugar de capitão das forças élficas. Eram dois líderes, dois remanescentes, agora, uma paixão. Uma razão para viver.

Teve um filho: Fayl’ipe, ou apenas Lippi, o herdeiro. Concomitantemente, acabava a guerra, com a chegada dos humanos. Começava para todos os povos um longo período de alegria.

Ensinou a Lippi tudo que seu pai lhe mostrou do mundo. Contou sobre suas histórias de aventura pelas florestas. Apaixonando o jovem rapaz. E depois de um longo tempo, Faryl saiu de casa, desbravando os confins dos oceanos, em suas próprias aventuras. Até morrer ao norte, trazendo trevas a seu pai.

Ora, começava a guerra contra os Trolls e Lippi acabava de morrer. Sua vontade era de construir um esconderijo para todos os elfos e sair de lá depois de incontáveis anos, pois algum dia todos definharão, apenas os com o seu sangue sobreviveriam. Entretanto, Casemir não queria fugir dos seus medos novamente, ele queria ser alguém melhor, para honrar seu filho, colocando os elfos na linha de frente da guerra. Trazendo mais devaneios.

Após algumas investidas contra os Trolls, Casemir sofre baixas de suas tropas para Durcan, um dos generais dos deuses malignos. Entre essas baixas, estava sua amada, Capitã de Campo das suas tropas.

E esse foi o fim de Casemir.

Cada segundo sem sua amada era penoso. A eternidade se esvaía juntamente com a sua vontade de viver. E uma fúria incontrolável caiu sobre nosso Senhor dos Elfos. Ele foi à batalha. E lá encontrou quem matou sua amada.

Casemir só queria vingar seu amor. Mas é verdade que os imortais também anseiam pela morte, após longos invernos em tristeza. Portanto, resolveu encontrar as Sombras, mesmo sem a vingança, apenas para chegar ao encontro de sua alma gemia.

Curiosamente, e felizmente, Lippi não estava junto dela. Não tinha ido para o mundo das Sombras. Nem ele".

5 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page