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  • Foto do escritorMatheus Iury Correia

Emboscadas e Desavenças

Atualizado: 30 de jun. de 2021

Em continuação ao trabalho da Armada da Magia, temos a passagem de Arikhar, o lastimável, pelo continente central. Em um clássica batalha entre os anões e os elfos, vemos o melhor das duas raças em ação.




Emboscadas e Desavenças

Os elfos foram os primeiros a habitarem as Terras-Livres. Juntamente com sua imortalidade, esse posto de privilégio os fez desafiar os deuses, a partir de ideologias profanas, invocando a ira deles.

Para punir os elfos, as divindades fizeram surgir novos deuses, comandantes das hostilidades e desastres catastróficos, como terremotos e furações, tempestades e erupções, tudo para lhes ensinar uma lição memorável: não se deve despertar a fúria dos criadores.

Mas não satisfeitos, os anões também nasceram, a nova criação a preencher o mundo, opondo-se aos elfos em quase todos os aspectos. A única característica em comum entre ambos era o desejo da ascensão.

Logo, não tardou para eclodirem conflitos, resultantes das disputas por poder. Como a batalha pelo mar Salazin, reunindo exércitos que cobriam toda a extensão de sua costa. Esse confronto evidencia o primeiro de tantos outros que se sucederiam. Pois os elfos não conseguiam lidar com a petulância dos anões. E os menores odiavam o menosprezo do olhar que se dirigiam a eles.

Com o passar de anos, as civilizações deixaram o mundo dividido ao meio, os anões no sul e elfos ao norte. Não eram raras as vezes em que florestas inteiras eram necessárias para separá-los, ou então montanhas vertiginosas se erguiam em interposição a eles.

Entre todas as perdas até então, aquela que mais magoava o coração dos anões foi a perda de Sectalen, a mais alta das montanhas e de todas as elevações já criadas, fora o próprio céu. Era onde ficavam as maiores minas e cavernas descobertas pelos anões. Uma infinidade de minérios, joias e mármore, tudo sendo inexplorado. Pois os elfos realizavam rituais de agradecimento aos deuses com o festival lunar. Eles não tinham as ferramentas, nem os conhecimentos geológicos da região para explorar esses recursos.

Ao perderem a disputa por esse território, há anos no passado, uma promessa foi enaltecida em bravejo, eles retomariam essas terras novamente. E esse dia chegou.

A raça dos anões estava sob a guarda Arikhar, um líder crescido em meio ao ódio da xenofobia e do descaso com a empatia. Ele era impulsivo e feroz, como se o mundo todo o pertencesse, sem o ter em mãos. Bandeiras foram erguidas em campanhas de propaganda para inflamar o confronto. O compromisso de retomar o orgulho do passado se espalhou por todas as cidades do sul. Assim se formava a Primeira Legião, convocada e marchando para cumprir a promessa. De Fellwin, atravessaram o mar Salazin e passaram por vales e planaltos no centro do continente central, até invadirem os limites dos elfos.

O monte Sectalen se encontrava na floresta de Pri, que crescia a cada ano com os cuidados dos elfos pelas suas raízes. Ali estavam reunidas várias famílias élficas para o próximo festival, vindas de diversos lugares do mundo todo. Todos inocentes do conflito que viria a seguir.

Com a chegada dos anões nas entradas da floresta, os mensageiros do rei Casemir corriam com a notícia, mais rápidos que o vento, deixando-os um passo à frente de seus inimigos.

Uma emboscada foi armada e os anões não a perceberam. O frio e a escuridão do luar os deixavam mais à vontade. Os narigudos davam breves gargalhadas, contando como seria a captura de Sectalen, despreocupados, sem nem sequer notar os elfos que se movimentavam pelos galhos das árvores, acima deles. Porém, acidentalmente um galho se partiu e caiu entre as fileiras anãs. Um erro de cálculo gravíssimo por conta dos defensores do território. E a marcha foi interrompida de imediato.

A tensão tomava o ar por alguns instantes e o tempo passou a correr mais lento. A concentração dos anões aumentou e observou cada folha da floresta. Nas copas das árvores, os elfos se entreolharam, atentos, reconhecendo o erro. Então, um assovio ecoou. Era o sinal de Casemir, ordenando que o escarlate cubra a noite, no véu de sangue derramado pelo ataque élfico.

Lanceiros desciam das árvores, pulando sobre os anões e choviam flechas vindas de seus companheiros, que permaneceram furtivos. O elemento surpresa junto a explosão de agressividade fez realidade o pesadelo dos anões, que viam seus amigos caindo um após o outro ao seu lado. E os invasores começam na desvantagem.

Logo, porém, após o susto, eles se organizaram novamente, alinhando suas fileiras na mais famosa tática de defesa dos anões: A Tartaruga. Com os guerreiros mais externos erguendo seus escudos para os lados e as fileiras centrais para cima, montavam um complexo quebra-cabeça de puro metal, praticamente impenetrável. As flechas e lanças dos elfos se fragmentavam em pedaços ao encontrar a dureza das forjarias anãs.

Os anões se moviam juntos na formação, atacando os elfos coordenadamente, abrindo a Tartaruga para um ataque rápido e a fechando para continuar se movendo. E ao lado de fora da proteção da Tartaruga, bravos soldados seguiam as ordens táticas de Arikhar, o destemido, que liderava suas movimentações estratégicas.

Casemir foi o único capaz de acertar precisamente os seus inimigos entre os seus aliados, dentro da Tartaruga e fazer suas flechas perfurarem as armaduras anãs. Pois a maestria élfica com o arco nunca lhe foi ensinada, ele a criou.

E mesmo com seus esforços e emboscadas, o povo dos elfos teve um número de mortos superior a qualquer outro acontecimento antes visto, incendiando a fúria contra os pequenos.

Esses que por sua vez, viam-se em uma situação muito delicada e complexa para lidar, abortando a conquista de Sectalen.

Entretanto, mesmo não conseguindo alcançar seus objetivos, Arikhar não voltaria para seu lar, em Fellwin, apenas com a revolta plantada no coração. Em meio ao recuo, ele ordenou que queimassem a floresta de Pri.

As chamas começaram lentamente a se erguer junto da fumaça. Labaredas de fogo se alastraram e consumiam o vento, abraçando a floresta com seus braços brilhantes e alaranjados.

Os elfos lutaram contra o fogo e corriam do desastre, mas eles não eram rápidos o suficiente. As chamas chegaram em suas casas e destruíram seus lares. As famílias que viajaram meses para o festival em Sectalen viam seus filhos entregues as ondas de calor inebriantes. Casemir desejou ter seu filho ali, para controlar o fogo com a sua magia e salvar o seu povo, mas Faryl já não estava mais entre eles. Ele jamais se esqueceria desse dia. Assim como os anões se lembrariam dessa pequena vingança.

O rancor dos elfos ecoaria pela eternidade, com seus incontáveis companheiros inocentes. A inimizade só aumentaria e tornaria a nunca mais deixá-los em plena paz.

As forjas das montanhas no sul trabalhavam dias e noites durante os próximos meses, cobrindo o céu com a fumaça e fuligem das novas armaduras criadas. Famílias antigas se aliaram novamente ao Arikhar para formar a Segunda Legião dos anões.

E cada elfo que se refugiou do desastre em Sectalen, agora era recrutado para lutar por seu povo.

Ambos estavam fortemente armados e preparados para começar a Primeira Grande Guerra.

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